Um carro tímido ali e outro aqui que passam na avenida,
algumas gaivotas no céu e um cajueiro acolhedor no outro lado da pista, um
calor meio abafado me abatia e eu andando. Abro a janela do quarto e um vento
leve e morno escapa para dentro enquanto me desfaço das roupas. E todos esses
detalhes só percebi porque meus pés estavam descalços e me senti sensível até a
temperatura do vento. Deitei-me e senti minhas pernas pesarem e o cansaço foi
aos poucos abreviando-se e me encolhi na cama com um pedaço de pano. Abri uma
pálpebra e olhei a brandura da colcha e sentir o cheiro de roupa lavada, viajei
na infância e sorri por estar ali sentindo aquilo. Então dormi... Acordei nostálgico
e com algumas perguntas que talvez o sono tivesse me elaborado. Por que não aproveitava
pra escrever aquilo? Saberia que deveria agradecer à alguém por aquilo, foi
significativo pra mim. Teve um valor. Precisava mesmo naquela ser abraçado por
algo puro, um alguém, um sentimento ou uma vontade... E Deus sabe, das nossas
necessidades e na melhor de satisfazê-las, porque apesar de distante eu estava
sensível ao que viesse perto. E Ele preferiu me abraçar. Obrigado por me deixar
feliz sem motivos.
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